"Sem música não há vida, não há vida sem música"





domingo, 18 de setembro de 2011


Scopitone (6, cont.)




O vídeo em cima não é um Scopitone, mas podia ser. Escolhi-o para ilustrar como a televisão terá substituído os Scopitones, pequenos filmes dos anos 1960 que podiam ser ouvidos e vistos em espaços públicos. Estes pequenos clips musicais que se destinavam a programas de música na TV francesa dos anos 1960 em diante são precursores - tal como os Soundies nos EUA nos anos de 1940 - dos videoclips, e integram a herança dos Scopitones.

O par mítico da canção francesa da década, Johnny Halliday e Sylvie Vartan, interpreta um standard da canção americana de 1934 que festejava o fim da lei seca nos EUA (de 1920 a 1933), Cocktails for Two, em francês Un cocktail pour deux. Evocando estes tempos em 1965, o vídeo opta pelo preto/branco e tenta dar o ar do tempo da década de 1930 nos fatos do casal de cantores. Transforma a canção na narrativa de uma pequena história, na qual se salienta a preocupação da época - 1965 em França - com os papéis de género, masculino/feminino: "Les filles, vraiment, quelle invention..." / "Quelle catastrophe que les garçons...", dizem respectivamente Johnny e Sylvie. A protagonista reinvidica para si os mesmos direitos que o seu companheiro, daí o título da canção, Un cocktail pour deux. Quase no final, há uma sequência de dança de grande leveza e elegância, quer em relação às versões cómico-burlescas de Cocktails for Two, quer pela transformação das imagens dos passos de dança em movimento descontinuado, desmultiplicando a imagem e evocando as origens do cinema.

(a continuar)

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