"Sem música não há vida, não há vida sem música"





segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Série "Canções do tempo dos HI-FI" (5) - "Uncle Satchmo's Lullaby", Louis Armstrong e a ternura

Durante a minha infância e adolescência ouvia-se muita música em casa dos meus pais e muito variada - mas disso falarei numa próxima vez... o meu irmão Zé Pedro tinha-se apaixonado pela música de jazz, e enquanto eu ouvia os Beatles, Sylvie, Françoise e Johnny, no quarto ao lado ele ouvia sobretudo jazz, e fui-me habituando a gostar cada vez mais daqueles sons novos que ele ia descobrindo e fazendo-me descobrir... Nessa época e por causa, em grande parte, da música, desenvolvemos uma bela relação de diálogo, tínhamos grandes conversas sobre os músicos de jazz que ele escutava. Muito depressa elegemos Louis Armstrong e Billie Holliday como os nossos preferidos, sem ligarmos à nossa empregada que achava que justamente estes dois eram os que tinham vozes piores, em especial ele, que ela sem cerimónia nenhuma classificava como "voz de bêbado"... o mais curioso, logo descobrimos, é que era em grande parte até por causa dessas vozes e não apesar delas que Louis e Billie eram tão especiais...
Hoje, o jazz é cada vez mais parte da minha vida, e recordo sempre Louis Armstrong numa dimensão que é, em meu entender, a qualidade que lhe é mais própria e fonte de todas as suas outras qualidades - refiro-me à ternura de Mr. Satchmo. Ela está na origem antes de mais do seu humor, mas também da sua versatilidade como artista e entertainer, da sua capacidade teatral e histriónica, do seu talento de comunicador.
Por isso, dos muitos filmes em que Louis Armstrong participou, de entre aqueles de que mais imediatamente me lembro - High Society, com Bing Crosby, Grace Kelly e Frank Sinatra, de 1956, The 5 Pennies, com Danny Kaye, de 1959, e Hello Dolly!, de Gene Kelly, com Barbara Streisand, de 1968, é ainda um outro filme aquele que escolho para deixar uma interpretação de Mr. Satchmo em que é especialmente visível essa ternura de que falava. Trata-se de um filme alemão de 1959, La Paloma, em que Louis apenas aparece no final do filme, contracenando e cantando com uma menina de 12 anos, Gabriele Clonisch, uma canção de embalar. Oiçamos então, graças ao YouTube, a "Uncle Satchmo's Lullaby", mais uma recordação do tempo dos HI-FI, era eu sweet sixteen e estava prestes a começar a cantar -

sábado, 15 de janeiro de 2011

Série "Canções / Recordações do tempo dos HI-FI" (4) - Lucky Blondo, "Des roses rouges pour un ange blond"

Vd. post anterior - esqueci-me de dizer, mas tanto cantava esta canção na versão em língua inglesa, como em francês - era apreciada das duas maneiras, e ainda hoje não sei dizer qual das duas versões prefiro!

Série "Canções / Recordações do tempo dos HI-FI" (4) - Vic Dana, "Red Roses for a Blue Lady"

Mas é claro que não me esqueci desta série neste blogue! É só que nem sempre tenho todo o tempo que gostaria de ter para dedicar a cada um e a todos os quatro blogues, mas todas as séries, ciclos e partes serão concluídos no devido tempo, isto é, quando tiver, mesmo que por pouco tempo, todo o tempo do mundo para um post...
Não era "I Call Your Name" a canção que recordo como mais emblemática dos HI-FI, mas sim esta, um pouco mais antiga, muito romântica e naive, que tocávamos repetidamente nos bailes porque o público gostava, pertencia ao famoso grupo das músicas lentas para dançar agarradinho ao par, na altura dizia-se "para constituir família", e acabou por se tornar emblemática do nosso grupo, pelo menos das nossas actuações nos bailes. Numa época em que íamos ao cinema com o namorado, mesmo à matinée, acompanhadas pela mãe, dele ou nossa, eram importantes esses momentos em que podíamos estar mais perto do nosso par.
"Red Roses for a Blue Lady" de Vic Dana foi o meu primeiro single, comprado na discoteca Neves, se bem me recordo, num primeiro andar da Rua Ferreira Borges, onde passava bons momentos com o meu namorado de então numa cabine da loja a ouvir música antes de irmos lanchar ao sábado a uma pastelaria da Baixa de Coimbra. Como se eu já gostasse pouco, aí está com certeza mais uma razão pela qual tanto gosto de música...

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

UNO II série, nº 4, 5 de Março de 1992, texto de Lewis Carroll (2ª parte)

UNO II série, nº 4, 5 de Março de 1992, texto de Lewis Carroll (1ª parte)

A publicação das emissões de rádio do programa UNO de que sou autora encontra-se em fase experimental. Daí resultam algumas anomalias, tais como a formatação que não é ainda a ideal, e a publicação das emissões em duas metades. Em breve contamos poder iniciar a publicação histórica do UNO, desde o primeiro programa da primeira série até à última emissão. A primeira série engloba os dois primeiros anos do programa, durante os quais o UNO foi transmitido em directo dos estúdios da RJC / Rádio Jornal do Centro no edifício do antigo Teatro Avenida em Coimbra. A segunda série engloba os restantes dois anos do programa, quando começou a ser gravado em Coimbra e transmitido a partir de Lisboa para toda a rede da TSF. Para já, aqui fica mais uma emissão da segunda série, número quatro, de 5 de Março de 1992, com texto de Lewis Carroll e as vozes da Romina Laranjeira e do Fernando Taborda.


terça-feira, 4 de janeiro de 2011




Luís Pinheiro de Almeida, o guardião da memória da música rock e ié-ié em Portugal


Quando em 2004 a minha filha Maria João descobriu a antologia em CD da EMI All You Need Is Lisbon - Beatles em Portugal, onde vinha publicado um dos temas do disco dos HI-FI no qual participei, "I Call Your Name", ainda eu não sabia que o autor dessa colectânea musical era o jornalista e autor do apreciado programa de rádio que passava ao sábado à noite na Rádio Renascença RFM, amigos d' Alex, Luís Pinheiro de Almeida. Esta antologia reúne, pela primeira vez em CD, 17 canções que estavam há décadas fora do mercado no formato original em vinil, acompanhadas de todas as capas dos discos seleccionados. São versões de temas dos Beatles interpretadas por artistas portugueses dos anos 1960. Em entrevista a http://www.thebeatles.com.br/, Luís Pinheiro de Almeida revela a co-autoria, pelo menos moral, de Teresa Lage, com quem co-editara em 2002 o importante livro Beatles em Portugal (na foto, Teresa Lage e Luís Pinheiro de Almeida com Paul McCartney).



A tempo do Natal de 2010, apareceu a colectânea Caloiros da Canção. É outra bela edição de Luís Pinheiro de Almeida, a festejar os 50 anos do rock português, homenageando o lançamento do primeiro disco de ié-ié em Portugal a 28 de Outubro de 1960 com Os Conchas e Daniel Bacelar, vencedores do concurso da Rádio Renascença "Os Caloiros da Canção", nas categorias de grupo e artista a solo. São 25 canções criteriosamente escolhidas por Luís Pinheiro de Almeida - vale a pena ler as suas palavras de apresentação da antologia, em que traça um quadro da época em termos musicais e de edição. Tal como a anterior colectânea, é um objecto de colecção que nenhum apreciador de música rock vai querer deixar de ter em casa, para ouvir e voltar a ouvir. Ofereci no Natal a amigos e familiares, e tenho a certeza que continuará a ser uma prenda apreciada em qualquer ocasião.

No que me toca, estou representada com o Conjunto Universitário HI-FI e o tema do nosso primeiro e único álbum "Back from the Shore", de Carlos Correia e António Figueiredo, a canção do single que mais gostava de interpretar.

Devo a Luís Pinheiro de Almeida o reconhecimento, muitos anos depois, desta etapa da minha vida, que foi no entanto tão importante na minha formação. Mereci dele o título de primeira voz feminina do ié-ié português, numa altura em que já nem sequer me lembrava de que era de facto, à época, a única rapariga nessas andanças em Portugal...

Obrigada ao Luís pelas importantes e valiosas publicações, e pelo reconhecimento da etapa inicial do meu percurso, e já agora daqui envio cheers a todos os ié-iés!