Muito bem conservado, "Queen of the House" (1966) mostra bem a razão pela qual Susan Sontag associou os filmes Scopitone à sensibilidade e estilo "Camp". É patente o artificialismo e exagero, aliado a uma certa ingenuidade e alegria própria dos anos 1960, década em que surgem os filmes Scopitone. É curioso ainda e próprio da época o questionamento do papel da mulher como dona de casa, aqui exagerado, estilizado e ironizado como "rainha da casa", quando afinal mais parece uma escrava dos deveres domésticos, mas tudo isso interpretado com grande ironia e fruição por Jody Miller, numa crítica eficiente porque utiliza argumentos de natureza implícita e como tal pouco contestáveis por via intelectual. Poderíamos recordar-nos de uma obra de Joana Vasconcelos que se situa dentro de parâmetros semelhantes, o gigantesco e glamoroso sapato Dorothy feito de panelas de arroz (vd. foto em baixo), que tal como a canção "Queen of the House" questiona o papel dual e aparentemente contraditório da mulher como dona de casa/objecto de desejo.
Sem comentários:
Enviar um comentário