Muito além de uma comum declaração de amor, esta canção de Cy Coleman dos anos 1950 é uma afirmação de diferença. Nas versões masculinas do seu criador, Cy Coleman e do intérprete para quem foi escrita, Frank Sinatra, é uma afirmação simpática de diferença, de um tipo humano que costumamos designar como "artista", possuidor de uma sensibilidade especial. No entanto, é feminina a versão mais espantosa em minha opinião, a de Fiona Apple de 2009, do álbum The Best is Yet to Come - A Tribute to Cy Coleman. Na sua interpretação, a canção adquire um dramatismo invulgar, que nos corta a respiração e comoveria mesmo as pedras da calçada, já que esse dramatismo resulta da assunção de uma grande fragilidade (feminina na leitura tradicional). Nesta versão de Fiona salienta-se, ao mesmo tempo, a persistência de um mundo estranho que afirma como seu ("I can't see / My strange little world just go passing me by"), e a força de um sentimento e do que define como "daydream's gallore", uma multidão de sonhos: Capuchinho Vermelho na Companhia dos Lobos, Fiona? Aguardamos...
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